I don't wanna be kept, I don't wanna be caged, I don't wanna be damned, oh hell I don't wanna be broke, I don't wanna be saved, I don't wanna be S.O.L. (Neon Tiger, The Killers)

Sunday, July 31, 2011

Como vai o seu amor?




A quantas anda seu amor ultimamente?

Tens conseguido amar como  gostaria? Quais são as cores e as coisas de que seu amor se alimenta?

Sei que podem parecer perguntas demais para um tópico já mais que cantado, falado, discutido, ruminado, mastigado, batido e misturado com álcool, limão e outras drogas.

Fato é que hoje, mais do que nunca, amor é bicho em extinção.

Não porque não existam muitos amores mais, ou porque não nasçam mais tantos como antigamente - tal como diriam os saudosistas -, mas porque andamos matando amores aos bandos, e aos cardumes. 

Veja bem, não digo que se trate de um genocídio amorístico puro e simples.
Cada amor é morto individualmente e a responsabilidade por essa morte é de excluvisa de seu algoz, seja ele quem seja.

O medo, o tempo -, ou a falta dele,- a tristeza, a morte física ou emocional, a imaturidade, a ausência, a paixão (geralmente por terceiros) ou a falta dela, não importa. Grandes multidões de amores são mortas todos os dias.

Isso sem falarmos dos amores natimortos.
Os pobres amores abortos, que não deixamos nascer e crescer, multiplicar em emoções tolas e palavras doces e inúteis...

É desses amoricídios e infanticídios que se alimenta a modernidade. Do medo e do ócio líquidos. Pobres e doentes entre o orgulho e a futilidade de que já não se envergonham os corações alucinados e vazios.

As armas inermes da falta de doação e de cuidado. Todo amor morre de falta.
E anda faltando muito. Falta coragem pra alimentar um amor.

E é de tanta dor

O tanto amor que nos falta.

Saturday, July 30, 2011

Mar e Folha

Vou mergulhar nesse espelho d’água
Brindar no cálice do sal da terra
Viajar em seu navio de prata
Yemanjá, madre pérola




Em meio ao mar de corpos em transe. Compasso alucinógeno de ondas de som e fúria.


Um Iroko altivo, cria de algum lugar de afora daqui. Caminhava e era mais cadência que aquele tecnoabsurdo dos corações dançarinos. Ele andava em samba, slow motion comopolita da pista.





Ao deparar-me com árvore frondosa em seu peito quando me abraçou sem aviso, tudo menor a minha volta emudeceu por um instante. Me colou os lábios aos dele e me sussurrou-sorriu que desejava se enroscar em meu cabelo. Suas mãos-galhos em minha cintura eram cadeias bandeiras brancas ao redor de meu corpo líquido e vertigem.




Naquela noite Homens-coruja, e homens-cão, mulheres-flor, homens-pássaro à mim pediram dom e bênção. Bênção, a um concedi breve beijo, beijou-me a flor, dom por duas vezes, porém, nada além pude por eles.


Eu água, leve e móvel, ainda que agitada pelo homem-terra não pude estar mais que alguns minutos junto à Kitembo-Virgo que me atava, fui-me fluida ao som da hipnose e dos espíritos que habitam os seres, em meu curso de maré.



Aquele, deu à mare seu tempo de volta. O tempo da maré se cumpriu me uni à gameleira finalmente no doce da alta, e não mais pude tirá-lo de mim.


Assim mãe-água levo comigo o vermelho do solo, levo meu Tempo fundido em mim.

O deus da folha já se entranha em minha alma, até que novas terras ou novas águas diluam o sal, ou até que a terra dessa bahia seja solo eterno a ser beijado na maré.

Zaratempô
Eh Tempo Macura Ilê
Eh Tempo Macura Tata